Na ponta da língua e do dedo. Devaneios, críticas e reportagens.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Diabos à solta

Na última semana acompanhamos a mais um round da briga entre a Igreja Universal, encabeçada pela sua mais célebre propriedade, a Rede Record, e a gigante dos Marinhos, a Rede Globo. Como sempre, farpas voaram para todos os lados, uma tentando provar qual é a mais suja.

A Globo investiu pesado para desmoralizar o bispo Edir Macedo, fundador da Universal, batendo firme na tecla do dízimo e do uso indevido do dinheiro, que teria servido inclusive à compra de um casarão em Campos de Jordão. Já a Record trouxe à tona o envolvimento da Globo em episódios sombrios, como a ditadura militar e o caso BNDES.

Fora a destempero, tudo foi bem proveitoso. Dizem que o ódio revela a verdadeira face das coisas, e, pelo menos neste caso, há de se concordar. O ventilador respingou lama para todos os lados e só não viu quem não quis. E, infelizmente, há quem não queira - os defensores cegos de ambas as partes.

Aos fiéis, bastaria um pouco de inteligência e interpretação da bílbia para saber que Deus nenhum, nem aqui nem na Índia (hare baba!), exige malotes de dinheiro por uma benção . Aos "globistas", um pouco de história e de assossiação lógica faria bem, para saber do passado, ainda presente em certa medida, da gigante do Plim Plim.

Como diria a velha música: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Então, como opção, sobra o SBT! Brincadeirinha...


sábado, 2 de maio de 2009

Esporte macabro

Escuridão. Árvores, barulhos, corredores desertos... Apreensão. Parece cenário de filme de terror, mas nada mais é do que o Centro de Educação Física da Ufes.

Um pouco menos amedrontado, continuo meu percurso. Nada vai me acontecer. Vim aqui para me divertir. Estou na Federal do Espírito Santo.

Continuei passando pela rua de terra, que aumenta o clima de terror, esperando logo encontrar meus "brothers" para disputar uma boa partida de futebol, numa boa quadra. Boa? Ando mais alguns metros e... Surpresa! Vejo o que mais parece um amontoado de buracos com matinhos do que uma quadra. Senti mais um calafrio. Será que sairei daqui com minhas pernas e pés inteiros?
Todos me esperavam ansiosos, não poderia cometer essa desfeita. Sou o craque do time. Preciso jogar.

Começo, então, a correr naquela quadra. No início foi interessante desviar dos obstáculos. Melhora o reflexo... Olha o lado bom aí. Num instante, parei. Vi uns meninos tragando algo não muito familiar para mim. Escuto murmurinhos: maconha, maconha. E fumavam sem nenhuma ressalva. Era interessante. Eles jogavam e fumavam ao mesmo tempo. Pareciam estar se sentindo o máximo. E não tinha porque não se sentirem. Faziam aquilo sempre, sem qualquer advertência.

Continuei jogando, pra ser sincero, com um frio na barriga. Parecia adivinhar a torção que meu tornozelo teria logo a pouco...Ai! Já era.

terça-feira, 24 de março de 2009

Buteco armado

Não sei se vocês já pararam para assistir alguns programas esportivos, como o Jogo aberto ou o Terceiro Tempo, da Rede Bandeirantes. Confesso que já gastei meu precioso tempo vendo aquilo - um monte de homens, a maioria rabugentos, discutindo sobre o mesmo assunto até não haver uma vírgula mais a ser dita; um jogador, sabatinado de forma grosseira, tendo que dizer até mesmo onde almoçou no dia anterior ao jogo; um corinthiano, chato, que nem sabe falar direito, e pior, que se acha o tal; um ex-árbitro, mal-educado, mal-informado e, aparentemente, sem conhecimento suficiente da regra; e, claro, uma loira cabeça, "boazuda" e mais agradável do que todos os outros caras juntos. Um verdadeiro buteco armado em sua TV, com direito à Brahma e tudo.
Prefiro o bom e velho Globo Esporte.

domingo, 15 de março de 2009

Síndrome do pensamento acelerado

O homem nunca soube lidar de imediato com mudanças no modo de viver. Teve que experimentar, errar, para depois se adaptar. No entanto, há uma grande peculiaridade nisso: foi ele próprio que desencadeou muitos desses processos transformatórios. Na verdade, ele correu mais do que suas pernas poderiam aguentar.  

A revolução industrial, por exemplo, exigiu do homem atitudes diferentes de tudo vivido anteriormente. Muitos tiveram que sair da zona rural, trabalhar em máquinas desconhecidas, criar novos hábitos. E esse foi só o início. Mais tarde, a globalização fulminante, fruto da revolução, reconfiguraria o mundo de uma forma jamais vista. A informação se tornaria compulsão, a comunicação mundial se estreitaria, o mercado de trabalho viraria uma selva e os laços comerciais ficariam mais fortes.

O mesmo homem que era a grande chave deste processo se perdeu, não acompanhou tamanha evolução saudavelmente. A pós-modernidade trouxe consigo os efeitos colaterais. O cérebro, brilhante, mas limitado, não conseguia acumular tantas informações, ser estimulado tão ostensivamente. A pressa, companheira fiel do homem pós-moderno, fez-se cada vez mais presente. O estresse virou palavra comum a todos. Surgia aí a síndrome do pensamento acelerado.

SPA

A síndrome do pensamento acelerado, SPA, pode não ser uma expressão corriqueira, mas acredite, é mais comum do que se imagina. Augusto Cury, psiquiatra e escritor, descreve-a como fruto da sociedade em que vivemos. Ele ressalta que, hoje, uma criança de sete anos é submetida a mais informações do que uma pessoa com 70 anos de vida no século passado. O cérebro não agüenta impunemente essa sobrecarga.

Como toda síndrome, ela apresenta os seus sintomas. Caso você tenha dificuldade de se concentrar, pense demais no amanhã, odeie sua vida, durma mal ou seja volúvel, tem grandes chances de sofrer desse mal.

E como contornar essa situação?

Ninguém é capaz de viver numa cápsula e se abster de todo mundo ao redor. Mas Cury ressalta: podem ser fixadas prioridades. Isso significa que mesmo no meio desse turbilhão de informações e tarefas, podemos gerenciar nossa vida de forma mais saudável. O lazer é uma das armas mais eficazes para combater a SPA. O homem precisa se desligar, de vez em quando. O contato com a natureza e com uma boa música também ajuda nessa tarefa. 

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vida salva?

A gravidez de gêmeos de uma menina de apenas nove anos, estuprada pelo pai, foi o grande assunto dos últimos dias. O fato de um pai engravidar a própria filha já teria carga de noticiabilidade suficiente. Mas o que mais chamou a atenção neste caso foi o aborto dos dois fetos de quatro meses feito pela equipe médica da Maternidade Encruzilhada, com o consentimento da mãe da menina.

Grandes questões éticas foram, então, levantadas. De um lado a justiça, que prevê, neste tipo de situação, a legalidade do aborto; do outro a igreja, que na voz de Dom José condenou o ato, nomeando-o “assassinato de dois inocentes” e, ainda, excomungando os envolvidos no aborto, exceto a menina. Tanto na justiça como na igreja, as opiniões defendidas possuem divergências. Alguns padres, em seus sermões, criticaram a posição do bispo, o chamando de inadequado, enquanto alguns poucos advogados se disseram a favor da vida.

Numa questão complexa como esta opinar torna-se um risco. Como futuro jornalista, prefiro corrê-lo a me acovardar no silêncio. É fato que duas vidas foram brutalmente cerceadas. Com quatro meses os bebês já puderam sentir dor, como qualquer pessoa. Quer dizer, os médicos, que fizeram isso em nome da vida, mataram dois inocentes com requintes de crueldade, por ser uma gravidez de risco. Agora me permita levantar algumas questões:

· Todas as gravidezes são tranquilas?
· Não teriam os médicos meios de evitar a morte da menina grávida?
· Por que optar por eliminar os não-nascidos?

As respostas não são difíceis. A medicina já atuou em prol de casos tão mais graves... Meios de evitar a morte, tanto dos fetos quanto da menina, existiam. Mas eles escolheram o caminho mais fácil, afinal, para que se preocupar com crianças que nem vieram ao mundo?

Estupro

Outros usariam o argumento de que todo filho advindo do estupro não é bem-vindo, já que é fruto de um acontecimento traumático. Pois bem, eles escolheram ser concebidos dessa forma? Quiseram ser frutos de um ato de violência? Óbvio que não. Eles foram mais uma vítima desse louco mundo no qual vivemos. Mesmo assim,segundo muitos, devem ser mortos, eliminados. Os olhos humanos se fecharam para os mais fracos. A vocês digo: pensem o que quiser, mas tenham a certeza de que uma das opções é a vida, a outra é a morte.

sábado, 7 de março de 2009

Salvem o português

Nossa língua sofre na internet. Na pressa, às vezes, até nós escrevemos abobrinhas. Mas a afobação não explica tudo. A má qualidade da educação é, também, uma das principais causas do alto número de palavras escritas incorretamente. Navegando por diversos sites, fiz uma lista dos erros mais comuns:

- As pessoas costumam fazer uma verdadeira confusão ao separar palavras, ou mesmo ao juntá-las. O Orkut ostenta o posto de ser o local com o maior número de assassinatos da língua portuguesa, neste quesito. Há expressões como: encima, devolta, concerteza, derrepente, denovo... Enquanto o correto seria: em cima, de volta, com certeza, de repente e de novo.

- O plural (Ih! Esse é um verdadeiro fantasma para os internautas). Já me deparei com pérolas como “pãos”, “cidadões” e “alemãos”.

- O uso da crase é frequentemente equivocado. Ou ele é negado: (1) Mandei um recado a Maria de Anchieta; ou usado desnecessariamente: (2) Eu já falei à ela. O correto seria:
(1) crase no a, antes de Maria, por ser um objeto indireto – a (artigo) + a (preposição)-
(2) sem crase, já que ela não é usada antes de pronomes.

- A cedilha... Tenho certeza que alguns de vocês já viram por aí essas palavras: esqueçe, pertençe e conçegue. É de doer à alma.

- A concordância é alvo de várias incorreções. “O Corinthians ganharam de 2 a 0”; “Ela e eu fui na praia”, “Me deu três tipo de bebida”.

Está certo que há outro tipo de linguagem na grande rede, mas os erros mostrados aqui não têm explicação, não é? Uma coisa é a falta, outra é o acréscimo - de acentos, de cedilha, de s...
A internet transformou-se num território livre, possibilitando que pessoas antes excluídas pudessem agora usufruir dessa maravilha. No entanto, um retrato da educação precária no Brasil pôde, também, ser vislumbrado. O que dizer de uma população que não consegue dominar a escrita do idioma de seu próprio país? A resposta dessa pergunta não deve ser motivo de piada, mas sim de reflexão, planejamento e ação. A educação já esperou demais.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"A cidade dos leprosos"


Assistir a uma reportagem com título carregado de preconceitos, como o da foto, gera revolta aos telespectadores, digo àqueles que tem senso crítico. Esse tipo de atração invade nossas casas através de um toque no controle remoto, como ocorreu comigo, e tentam prender a atenção apostando no pior, na miséria humana.
Todos hão de convir que o Balanço Geral é um show de sensacionalismo. Mas brincar com uma questão tão séria quanto a dos hansenianos chega ser uma contravenção, principalmente por toda a história envolvida. Os leprosos já foram chamados de possessos, sofreram com a exclusão social e morreram devido ao mesmo preconceito relembrado pela atração da Rede Record.

A Reportagem

A equipe do programa foi ao local onde os doentes eram tratados. Visitaram as casas de dois moradores. Na entrevista, as pessoas eram instigadas a contarem histórias sobrenaturais. Para se ter uma idéia, uma mulher de idade avançada dizia que falava com fantasmas, enquanto Geraldo Luís, o apresentador, afirmava sentir vibrações negativas, escutar sons, além de outras assombrações. Acredite, a reportagem insinuava que o local era mal-assombrado.

Reincidência

Outro dia, numa rápida passagem pelos canais, me deparei com mais uma manchete absurda do mesmo programa: a rota da morte. O apresentador passeava pelos corredores por onde passavam os corpos dos mortos, no Hospital das Clínicas de São Paulo, encenava, se contorcia e ainda sugeria a presença de fantasmas, assim como fez na reportagem dos leprosos. Para completar, uma das pessoas da produção fingia que apagaria a luz e ria, enquanto o apresentador tentava aparentar estar com medo.


O programa se autointitula jornalístico. Sim, aquele que deveria apurar fatos, defender os direitos e respeitar a honra e a imagem dos cidadãos.
E a nota mais triste: por diversas vezes o programa alcança o primeiro lugar na audiência.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Je nes parle pas français

Pra quem quer ter mais chances no mercado de trabalho, saber um outro idioma é essencial. Mas não há apenas a questão mercadológica envolvida. Dominar outra língua enriquece nosso leque de conhecimentos, sendo primordial para leituras de obras estrangeiras, por exemplo, que muitas vezes são esquecidas pelo simples fato de não existirem versões traduzidas.

Decidir qual o idioma estrangeiro será estudado primeiro é uma das etapas mais importantes. O inglês é básico. Deve-se começar por ele. E há, também, o espanhol, idioma muito utilizado em todo mundo e merecedor de nossa atenção. No entanto, outras línguas menos “pop” são interessantes para algumas áreas específicas, ou mesmo atraentes às pessoas que preferem aprendê-las pelo puro prazer de saber usá-las.

Analisando todas minhas possibilidades resolvi cursar o francês, depois de terminar o inglês. E, com o tempo, percebi que não era muito a minha praia. Não há nada mais constrangedor do que na primeira aula ter de ficar repetindo cu várias vezes (cou, coup), fora os bicos, o “r”, o agudo que não é agudo, a crase que não é crase! Uma verdadeira confusão.

Mesmo não indo tudo as mil maravilhas me comprometi a terminá-lo, e estou cumprindo.

Aprender um idioma pode não ser uma tarefa tão desgastante. Deve-se conhecer um pouco mais sobre ele antes de se jogar nos estudos. A identificação com cada idioma varia muito de pessoa para pessoa. Veja os meus casos de paixão ao inglês e aversão ao francês. Se você tiver realmente que aprender uma língua específica, conviva com sorry, plage, targeta, sprache ... Não há nada que com o tempo não se acostume. Toda língua tem o seu charme, veja sempre o lado bom.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ouça e sinta

As músicas têm o poder incrível de marcar momentos e pessoas. Cada um de nós tem uma trilha sonora em sua vida, assim como os filmes. Quando escutamos, por exemplo, "It must have been love" do grupo Roxette e gostamos do filme "Uma Linda Mulher" torna-se impossível não fazermos a ligação. O som nos leva à imagem.

Há, obviamente, diferenças de intensidade dessa sensação sinestésica dependendo de cada pessoa. Geralmente, aquelas que possuem algum tipo de atividade musical ou as que escutam música em demasia, possuem ouvidos e cérebro em maior sintonia. Mas qualquer um já pôde escutar algo que o levou a uma situação distante ou o fez ter a sensação de estar revivendo aquele momento.

Não é necessário saber o nome da música. Basta lembrar da melodia de uma canção que fez parte do ano que passou para ligar a um fato ocorrido. E isso é algo involuntário, tanto que às vezes uma música "ruim" fica guardada no inconsciente, e basta a melodia tocar para seu cérebro fazer a ligação música X momento.

As músicas não estão ligadas apenas aos fatos. Elas também estampam em nossas mentes rostos, geralmente marcados devido a uma paixão. O corpo responde de forma singular às músicas românticas. Uma série de circuitos cerebrais é ativada nos fazendo passar por uma explosão de sensações, boas ou ruins.

Não resisti e listei abaixo um pequeno recorte de minha memória musical:

September all over (September) me lembra noites de 2008 em Vitória; Stars (Roxette) me faz voltar a uns quatro anos atrás; Keep holding on (Avril) me remete ao sofrimento de uma derrota em um jogo estudantil; Still loving you (Scorpions) me leva a infância e ao cheiro de terra molhada; músicas do "Cheiro de Amor" me lembram de carnavais passados perto de trios-elétricos, quando era bem novo. Há duas músicas desconhecidas por mim, uma dance e outra japonesa, que marcaram, respectivamente, uma noite no parque e um Grand prix de vôlei assistido nas madrugadas.

Agora fica o convite: Façam uma busca musical, liguem datas e festas a sons. Compartilhem seus bons momentos com amigos. A nostalgia, às vezes, é interessante.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Gancho

Calma, não vou falar sobre golpe de luta ou objeto que sirva para prender. Muito menos falarei sobre suporte para telefones ou suspensão no futebol.
Sim, tudo que disse acima é sinônimo de gancho, mas hoje o gancho é outro.
Você já deve ter percebido que quando chega o 11 de setembro chovem reportagens relembrando a tragédia dos ataques terroristas que deixaram cerca de três mil civis americanos mortos. Também deve ter notado que quando há uma morte cheia de peculiaridades, como foi o caso Isabela Nardoni, outra parecida surge nos noticiários.
Seja por uma data que leve a um fato, ou por um fato que leve a outro fato, todos são considerados GANCHOS JORNALÍSTICOS.
Esses ganchos poupam tempo aos jornalistas que não precisam procurar pautas "inéditas".

Deixarei a questão datas um pouco de lado, afinal ninguém quer perder as matérias de saúde do verão, ou deixar de saber qual o pisca-pisca mais bonito do Brasil, ou mesmo aquelas ensinando a sambar, na época que precede o Carnaval...

A intenção hoje é desmistificar a idéia que muitos têm de que mortes ou fatos extraordinários aconteçam todos ao mesmo tempo ou que, por exemplo, exista uma bruxa solta nos tetos das igrejas evangélicas. Em tempo, houve a queda de outro teto e foi noticiada.
E talvez cairá mais um (Deus que os protejam) e será noticiado outra vez.
O fato é que os assuntos serão esgotados ao máximo, até o gancho não ser mais pertinente. Simplificando, até o público ficar de saco cheio. Foi assim com a Isabela e com a "Isabela similar", jogada de uma outra janela, e será desta forma até o público desvendar a lorota contata pelos veículos de comunicação.
Não se iludam, não pensem que a queda de um raio no mesmo lugar é inédita. E também não fiquem com medo de ir à igreja. A possibilidade de o teto cair é bem remota.