Na ponta da língua e do dedo. Devaneios, críticas e reportagens.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"A cidade dos leprosos"


Assistir a uma reportagem com título carregado de preconceitos, como o da foto, gera revolta aos telespectadores, digo àqueles que tem senso crítico. Esse tipo de atração invade nossas casas através de um toque no controle remoto, como ocorreu comigo, e tentam prender a atenção apostando no pior, na miséria humana.
Todos hão de convir que o Balanço Geral é um show de sensacionalismo. Mas brincar com uma questão tão séria quanto a dos hansenianos chega ser uma contravenção, principalmente por toda a história envolvida. Os leprosos já foram chamados de possessos, sofreram com a exclusão social e morreram devido ao mesmo preconceito relembrado pela atração da Rede Record.

A Reportagem

A equipe do programa foi ao local onde os doentes eram tratados. Visitaram as casas de dois moradores. Na entrevista, as pessoas eram instigadas a contarem histórias sobrenaturais. Para se ter uma idéia, uma mulher de idade avançada dizia que falava com fantasmas, enquanto Geraldo Luís, o apresentador, afirmava sentir vibrações negativas, escutar sons, além de outras assombrações. Acredite, a reportagem insinuava que o local era mal-assombrado.

Reincidência

Outro dia, numa rápida passagem pelos canais, me deparei com mais uma manchete absurda do mesmo programa: a rota da morte. O apresentador passeava pelos corredores por onde passavam os corpos dos mortos, no Hospital das Clínicas de São Paulo, encenava, se contorcia e ainda sugeria a presença de fantasmas, assim como fez na reportagem dos leprosos. Para completar, uma das pessoas da produção fingia que apagaria a luz e ria, enquanto o apresentador tentava aparentar estar com medo.


O programa se autointitula jornalístico. Sim, aquele que deveria apurar fatos, defender os direitos e respeitar a honra e a imagem dos cidadãos.
E a nota mais triste: por diversas vezes o programa alcança o primeiro lugar na audiência.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Je nes parle pas français

Pra quem quer ter mais chances no mercado de trabalho, saber um outro idioma é essencial. Mas não há apenas a questão mercadológica envolvida. Dominar outra língua enriquece nosso leque de conhecimentos, sendo primordial para leituras de obras estrangeiras, por exemplo, que muitas vezes são esquecidas pelo simples fato de não existirem versões traduzidas.

Decidir qual o idioma estrangeiro será estudado primeiro é uma das etapas mais importantes. O inglês é básico. Deve-se começar por ele. E há, também, o espanhol, idioma muito utilizado em todo mundo e merecedor de nossa atenção. No entanto, outras línguas menos “pop” são interessantes para algumas áreas específicas, ou mesmo atraentes às pessoas que preferem aprendê-las pelo puro prazer de saber usá-las.

Analisando todas minhas possibilidades resolvi cursar o francês, depois de terminar o inglês. E, com o tempo, percebi que não era muito a minha praia. Não há nada mais constrangedor do que na primeira aula ter de ficar repetindo cu várias vezes (cou, coup), fora os bicos, o “r”, o agudo que não é agudo, a crase que não é crase! Uma verdadeira confusão.

Mesmo não indo tudo as mil maravilhas me comprometi a terminá-lo, e estou cumprindo.

Aprender um idioma pode não ser uma tarefa tão desgastante. Deve-se conhecer um pouco mais sobre ele antes de se jogar nos estudos. A identificação com cada idioma varia muito de pessoa para pessoa. Veja os meus casos de paixão ao inglês e aversão ao francês. Se você tiver realmente que aprender uma língua específica, conviva com sorry, plage, targeta, sprache ... Não há nada que com o tempo não se acostume. Toda língua tem o seu charme, veja sempre o lado bom.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ouça e sinta

As músicas têm o poder incrível de marcar momentos e pessoas. Cada um de nós tem uma trilha sonora em sua vida, assim como os filmes. Quando escutamos, por exemplo, "It must have been love" do grupo Roxette e gostamos do filme "Uma Linda Mulher" torna-se impossível não fazermos a ligação. O som nos leva à imagem.

Há, obviamente, diferenças de intensidade dessa sensação sinestésica dependendo de cada pessoa. Geralmente, aquelas que possuem algum tipo de atividade musical ou as que escutam música em demasia, possuem ouvidos e cérebro em maior sintonia. Mas qualquer um já pôde escutar algo que o levou a uma situação distante ou o fez ter a sensação de estar revivendo aquele momento.

Não é necessário saber o nome da música. Basta lembrar da melodia de uma canção que fez parte do ano que passou para ligar a um fato ocorrido. E isso é algo involuntário, tanto que às vezes uma música "ruim" fica guardada no inconsciente, e basta a melodia tocar para seu cérebro fazer a ligação música X momento.

As músicas não estão ligadas apenas aos fatos. Elas também estampam em nossas mentes rostos, geralmente marcados devido a uma paixão. O corpo responde de forma singular às músicas românticas. Uma série de circuitos cerebrais é ativada nos fazendo passar por uma explosão de sensações, boas ou ruins.

Não resisti e listei abaixo um pequeno recorte de minha memória musical:

September all over (September) me lembra noites de 2008 em Vitória; Stars (Roxette) me faz voltar a uns quatro anos atrás; Keep holding on (Avril) me remete ao sofrimento de uma derrota em um jogo estudantil; Still loving you (Scorpions) me leva a infância e ao cheiro de terra molhada; músicas do "Cheiro de Amor" me lembram de carnavais passados perto de trios-elétricos, quando era bem novo. Há duas músicas desconhecidas por mim, uma dance e outra japonesa, que marcaram, respectivamente, uma noite no parque e um Grand prix de vôlei assistido nas madrugadas.

Agora fica o convite: Façam uma busca musical, liguem datas e festas a sons. Compartilhem seus bons momentos com amigos. A nostalgia, às vezes, é interessante.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Gancho

Calma, não vou falar sobre golpe de luta ou objeto que sirva para prender. Muito menos falarei sobre suporte para telefones ou suspensão no futebol.
Sim, tudo que disse acima é sinônimo de gancho, mas hoje o gancho é outro.
Você já deve ter percebido que quando chega o 11 de setembro chovem reportagens relembrando a tragédia dos ataques terroristas que deixaram cerca de três mil civis americanos mortos. Também deve ter notado que quando há uma morte cheia de peculiaridades, como foi o caso Isabela Nardoni, outra parecida surge nos noticiários.
Seja por uma data que leve a um fato, ou por um fato que leve a outro fato, todos são considerados GANCHOS JORNALÍSTICOS.
Esses ganchos poupam tempo aos jornalistas que não precisam procurar pautas "inéditas".

Deixarei a questão datas um pouco de lado, afinal ninguém quer perder as matérias de saúde do verão, ou deixar de saber qual o pisca-pisca mais bonito do Brasil, ou mesmo aquelas ensinando a sambar, na época que precede o Carnaval...

A intenção hoje é desmistificar a idéia que muitos têm de que mortes ou fatos extraordinários aconteçam todos ao mesmo tempo ou que, por exemplo, exista uma bruxa solta nos tetos das igrejas evangélicas. Em tempo, houve a queda de outro teto e foi noticiada.
E talvez cairá mais um (Deus que os protejam) e será noticiado outra vez.
O fato é que os assuntos serão esgotados ao máximo, até o gancho não ser mais pertinente. Simplificando, até o público ficar de saco cheio. Foi assim com a Isabela e com a "Isabela similar", jogada de uma outra janela, e será desta forma até o público desvendar a lorota contata pelos veículos de comunicação.
Não se iludam, não pensem que a queda de um raio no mesmo lugar é inédita. E também não fiquem com medo de ir à igreja. A possibilidade de o teto cair é bem remota.