Na ponta da língua e do dedo. Devaneios, críticas e reportagens.

sábado, 7 de março de 2009

Salvem o português

Nossa língua sofre na internet. Na pressa, às vezes, até nós escrevemos abobrinhas. Mas a afobação não explica tudo. A má qualidade da educação é, também, uma das principais causas do alto número de palavras escritas incorretamente. Navegando por diversos sites, fiz uma lista dos erros mais comuns:

- As pessoas costumam fazer uma verdadeira confusão ao separar palavras, ou mesmo ao juntá-las. O Orkut ostenta o posto de ser o local com o maior número de assassinatos da língua portuguesa, neste quesito. Há expressões como: encima, devolta, concerteza, derrepente, denovo... Enquanto o correto seria: em cima, de volta, com certeza, de repente e de novo.

- O plural (Ih! Esse é um verdadeiro fantasma para os internautas). Já me deparei com pérolas como “pãos”, “cidadões” e “alemãos”.

- O uso da crase é frequentemente equivocado. Ou ele é negado: (1) Mandei um recado a Maria de Anchieta; ou usado desnecessariamente: (2) Eu já falei à ela. O correto seria:
(1) crase no a, antes de Maria, por ser um objeto indireto – a (artigo) + a (preposição)-
(2) sem crase, já que ela não é usada antes de pronomes.

- A cedilha... Tenho certeza que alguns de vocês já viram por aí essas palavras: esqueçe, pertençe e conçegue. É de doer à alma.

- A concordância é alvo de várias incorreções. “O Corinthians ganharam de 2 a 0”; “Ela e eu fui na praia”, “Me deu três tipo de bebida”.

Está certo que há outro tipo de linguagem na grande rede, mas os erros mostrados aqui não têm explicação, não é? Uma coisa é a falta, outra é o acréscimo - de acentos, de cedilha, de s...
A internet transformou-se num território livre, possibilitando que pessoas antes excluídas pudessem agora usufruir dessa maravilha. No entanto, um retrato da educação precária no Brasil pôde, também, ser vislumbrado. O que dizer de uma população que não consegue dominar a escrita do idioma de seu próprio país? A resposta dessa pergunta não deve ser motivo de piada, mas sim de reflexão, planejamento e ação. A educação já esperou demais.

Um comentário:

  1. Olá Eduardo,
    No caso da crase, trata-se de um fenômeno, portanto acho que não se deve falar em "uso da crase", mas sim uso do acento grave, indicando o tal fenômeno crase. No exemplo "Mandei um recado a Maria..." o uso do acento grave não é facultativo, já que eu poderia optar por usar apenas a preposição mas não o artigo feminino antes de Maria?
    Tales

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