Na ponta da língua e do dedo. Devaneios, críticas e reportagens.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"A cidade dos leprosos"


Assistir a uma reportagem com título carregado de preconceitos, como o da foto, gera revolta aos telespectadores, digo àqueles que tem senso crítico. Esse tipo de atração invade nossas casas através de um toque no controle remoto, como ocorreu comigo, e tentam prender a atenção apostando no pior, na miséria humana.
Todos hão de convir que o Balanço Geral é um show de sensacionalismo. Mas brincar com uma questão tão séria quanto a dos hansenianos chega ser uma contravenção, principalmente por toda a história envolvida. Os leprosos já foram chamados de possessos, sofreram com a exclusão social e morreram devido ao mesmo preconceito relembrado pela atração da Rede Record.

A Reportagem

A equipe do programa foi ao local onde os doentes eram tratados. Visitaram as casas de dois moradores. Na entrevista, as pessoas eram instigadas a contarem histórias sobrenaturais. Para se ter uma idéia, uma mulher de idade avançada dizia que falava com fantasmas, enquanto Geraldo Luís, o apresentador, afirmava sentir vibrações negativas, escutar sons, além de outras assombrações. Acredite, a reportagem insinuava que o local era mal-assombrado.

Reincidência

Outro dia, numa rápida passagem pelos canais, me deparei com mais uma manchete absurda do mesmo programa: a rota da morte. O apresentador passeava pelos corredores por onde passavam os corpos dos mortos, no Hospital das Clínicas de São Paulo, encenava, se contorcia e ainda sugeria a presença de fantasmas, assim como fez na reportagem dos leprosos. Para completar, uma das pessoas da produção fingia que apagaria a luz e ria, enquanto o apresentador tentava aparentar estar com medo.


O programa se autointitula jornalístico. Sim, aquele que deveria apurar fatos, defender os direitos e respeitar a honra e a imagem dos cidadãos.
E a nota mais triste: por diversas vezes o programa alcança o primeiro lugar na audiência.

5 comentários:

  1. Acompanho o Balanço Geral desde seu surgimento. Nos últimos meses, como muito bem você descreveu, o programa tem explorado as lendas urbanas, apelado para casos de assombrações e recorrido ao humor pastelão. Sensaciolanismo ou não, tudo isso tem dado certo - para a infelicidade dos puristas e estudantes de jornalismo protegidos pelas teorias da academia.

    Eu, definitivamente, não gosto do programa. Se eu tivesse a oportunidade de mudar algo, certamente seria a pessoa responsável pelos textos que apresentam as reportagens.

    Uma boa discussão.

    ResponderExcluir
  2. Uma pena algo tão baixo dar certo no quesito audiência. E, na verdade, só dá certo nisso, já que na decência e no respeito ao ser humano é o mais puro show de horrores.

    ResponderExcluir
  3. Acho que é por isso que tomei nojo do jornalismo e desisti dessa vida(mas espero que meus caros coleguinhas não façam isso). A falta de senso reina nesse mundo louco, e o respeito já se foi pela janela

    ResponderExcluir
  4. Porque desistir? É melhor lutar para fazer algo novo, dígno! =D
    O problema é que o jornalismo e só um reflexo da sociedade auto-destrutiva em que vivemos. O respeito voou pela janela em todas as áreas! rs

    ResponderExcluir
  5. Não tive a felicidade ou infelicidade de assistir a matéria intitulada: A CIDADE FANTASMA DOS LEPROSOS. Pelo título da para observar que alem de descriminatório e de muito mal gosto e ética a matéria apresentada. Me causa mais indignação apresentado por uma empresa que se não estar, briga ponto a ponta para ser a lider do mercado das comunicações e mais ainda por um um programa onde, segundo as estatísticas, se destada como de show de sensacionalismo, pior ainda enquanto nos, profissionais de saúde e de movimentos sociais voltados para a inclusão de novos pacientes ao tratamento da HANSENÍASE, visto que ninguem contraiu essa donença tão cruel e discriminatório por acaso, gostaria que esse programa se retratar-se em público e fosse de encontro a promoção de uma campanha voltada para a detecção precose de SINAIS e SINTOMAS da HANSENÍSE em igrajas, instituições filantrópicas, asilos,creches, etc... enfim dar destaque a uma doença que apesar de estarmos em pleno século 21 o homem ainda não se conta que uma doença que tem cura e o tratamento é de graça em todos os postos de saúde venha sofrer de discriminação diante de um grande instrumento de comunicação em massa. Não é de se adimitir.

    ResponderExcluir